quinta-feira, 3 de março de 2022

Pressões de EUA, União Europeia e Rússia aceleram fratura da internet

Plataformas americanas e até o Telegram vêm sendo cobrados para restringir acessos ou punidos por fazê-lo

Nelson de Sá - FSP 27.fev.2022


No sem-fim de sanções paralelas à Rússia, pois segundo o Wall Street Journal não podem fazê-lo com gás e petróleo, EUA, Alemanha e outros começaram a cercar as empresas de mídia e tecnologia.


Na sexta (25), como relatou a Forbes, o democrata Mark Warner, que preside a comissão de inteligência do Senado, enviou cartas para Alphabet (Google, YouTube), Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp), Twitter e outras plataformas, exigindo ações contra veículos russos como RT e as agências Tass e Sputnik.


Alphabet, Meta e Twitter responderam pouco depois, com a suspensão do impulsionamento pago das contas citadas e outras. Também cortaram a monetização, a publicidade veiculada nos perfis.


Em resposta, a Rússia restringiu o Facebook e o Twitter, que atravessaram o domingo quase inacessíveis no país, segundo relatos de jornalistas russos.


Também no domingo, via Twitter, a alemã Ursula von der Leyen, que preside a Comissão Europeia, acrescentou que a União Europeia está "desenvolvendo ferramentas para banir" os veículos russos, impedir o acesso aos mesmos via internet.


Moscou, de sua parte, já havia barrado a alemã DW, como resposta ao banimento anterior da mesma RT por Berlim.


A escalada, que vem dificultando aos usuários acompanhar não só os veículos citados, mas vários outros, dos dois lados, ameaça a própria internet, alertou o WSJ em extensa reportagem —destacada com certo alarme pelo principal agregador de notícias de tecnologia, Techmeme.


Em suma, publica o jornal, "analistas afirmam que o conflito pode acelerar a fratura da internet, que até pouco tempo atrás estava dividida [apenas] entre a China e o resto do mundo".


Salientou, como parte do mesmo movimento, a exclusão do hoje gigante TikTok e de outras plataformas chinesas pelo governo da Índia.



RESISTÊNCIA


Algumas plataformas não cedem, caso do Telegram, originalmente russo, agora baseado nos Emirados.


Seu fundador, Pavel Durov, também recebeu a carta de Warner e estaria sofrendo pressão da Rússia, mas negou qualquer medida restritiva, como noticiou o Kommersant —jornal que, ao longo da tarde de domingo, só foi possível acessar via Telegram.



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